terça-feira, 16 de outubro de 2012

O papel das TIC na Educação Especial


“Para a maioria das pessoas, a tecnologia torna a vida mais fácil; para a pessoa deficiente, a tecnologia torna as coisas possíveis”. Sanches (1991) 






"Segundo o artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 3 /2008, de 7 de Janeiro, “entende-se por tecnologias de apoio os dispositivos facilitadores que se destinam a melhorar a funcionalidade e a reduzir a incapacidade do aluno, tendo como impacte permitir o desempenho de actividades e a participação nos domínios da aprendizagem e da vida profissional e social”(Decreto-Lei 3/2008 de 7 de Janeiro, 2008).1
Ainda de acordo com o Decreto-Lei n.º 93/2009, de 16 de Abril, “as ajudas técnicas e tecnologias de apoio apresentam-se como recursos de primeira linha no universo das múltiplas respostas para o desenvolvimento dos programas de habilitação, reabilitação e participação das pessoas com deficiência e inscrevem -se no quadro das garantias da igualdade de oportunidades e da justiça social da acção governativa do XVII Governo Constitucional e integração da pessoa com deficiência aos níveis social e profissional de forma a dar-se execução ao disposto na Lei de Bases da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação das Pessoas com Deficiência”.

As tecnologias de apoio têm como objectivo aumentar o grau de participação e actividade dos alunos, o que, consequentemente, lhes facilitará o desempenho nas diferentes tarefas. Se por princípio, as tecnologias de apoio têm por base a pessoa e a actividade, devemos, portanto, definir sempre o objectivo para o uso de determinada tecnologia de apoio, de modo a que a criança consiga desempenhar com sucesso a sua actividade.

Quanto às escolas, estas têm o comprometimento de promover e dispor tecnologias de apoio personalizadas às necessidades individuais de cada criança e/ou jovem com necessidades educativas especiais. Com o apoio das novas tecnologias, estes poderão ter acesso às mesmas oportunidades educativas que os restantes colegas, desenvolvendo a sua autonomia e a expressão das suas capacidades.


O contexto escolar deve aceitar e satisfazer as necessidades distintas dos alunos, adequando-se aos diferentes ritmos de aprendizagem, às experiências e à relação da criança com o ambiente, através de adequações pedagógicas e materiais, metodologias e estratégias diferenciadas e de uma boa organização escolar. Sabemos hoje que os alunos aprendem melhor quando o professor tem em consideração as características próprias de cada um, visto que cada indivíduo tem pontos fortes, interesses, necessidades e estilos de aprendizagens diferentes. 

“ (...) se as crianças das nossas classes são diferentes umas das outras nas suas capacidades e nos seus comportamentos, elas têm em comum o desejo de viver, de conhecer e de afirmar a sua pessoa.” (Vayer e Roncin).

Todos os alunos aprendem melhor quando os professores respeitam as individualidades de cada um e ensinam de acordo com as suas diferenças. Esta afirmação ganha uma relevância maior quando falamos em alunos com necessidades educativas especiais. Segundo Fonseca (1984)10, a criatividade e a capacidade de inovação poderão ser qualidades inerentes ao próprio indivíduo mas, se não forem estimuladas por uma formação adequada, podem nunca ser reveladas em toda a sua plenitude.

Atendendo às problemáticas das crianças com necessidades educativas especiais, compreendemos que urge a adaptação do ambiente de trabalho das mesmas, de modo a que abandonem uma postura de passividade e lhes seja possibilitado um ambiente de maior e melhor interacção com os outros, com o meio, com os objectos de aprendizagem. Esta adaptação está directamente ligada com mudança e modernização.
Todos os alunos aprendem melhor quando os professores respeitam as individualidades de cada um e ensinam de acordo com as suas diferenças. Esta afirmação ganha uma relevância maior quando falamos em alunos com necessidades educativas especiais.


Se as tecnologias foram já acolhidas pela sociedade como uma das forças determinantes do processo de mudanças ao nível económico, levando-a até a caminhar para um novo tipo de organização social, é natural que a escola utilize também recursos tecnológicos que potenciem a aprendizagem de todos aqueles que a frequentam, principalmente, crianças e jovens com necessidades educativas especiais, pelo que estes passam a realizar actividades que antes lhes eram vedadas.

"(…) as TICs tornam-se suportes, conteúdos e formas potencializadoras dos processos de inclusão dos “diferentes”, nas formas de sociabilidade (…) além disso, as ajudas técnicas, seja na dimensão assistida  seja na adaptativa, seja na educativa, são imprescindíveis para o uso das potencialidades dessas tecnologias por essas pessoas, na plenitude de seres humanos.» Potenciam novas perspectivas na participação das crianças com necessidades educativas especiais, facilitando o acesso ao conhecimento, à aprendizagem, aos tempos livres, à cultura, ao contacto com amigos ou grupos de interesse. As tecnologias actuam, portanto, quer ao nível da criança, diminuindo as suas desvantagens e melhorando as suas capacidades funcionais, quer ao nível do ambiente, diminuindo as exigências do mesmo em relação às suas necessidades e franqueando-lhes as portas à integração escolar e social." (Rodrigues e Teixeira, 2007).

Segundo Damasceno e Filho, (2002), a partir do momento em que são dadas condições para que o aluno com necessidades educativas especiais interaja no processo de aprendizagem, mais facilmente esse será "(…) tratado como um "diferente-igual" (...) Ou seja, "diferente" por sua condição de portador de necessidades especiais, mas ao mesmo tempo "igual" por interagir, relacionar-se e competir em seu meio com recursos mais poderosos, proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe. É visto como "igual", portanto, na medida em que suas "diferenças" cada vez mais são situadas e se assemelham com as diferenças intrínsecas existentes entre todos os seres humanos."

Deste modo, as novas TIC são vectores co-estruturantes à superação da exclusão, pelo que potencializam a adaptação e mudança, rumo a uma sociedade verdadeiramente inclusiva, não apenas ao nível material, como também ideológico.

Alves et al (2008) aponta as vantagens da tecnologia associada à educação especial, nomeadamente, a possibilidade de potenciar a autonomia e facilitar a realização de tarefas, contribuir para o desenvolvimento socio-cognitivo, constituir um recurso alternativo de comunicação, ou ainda auxiliar na superação de obstáculos físicos. Podem, ainda, facilitar a manipulação de objectos, contribuir para a participação activa e mais bem sucedida em actividades de literacia, através de software educativo adequado às necessidades de aprendizagem de cada um. Também Mantoan (1997) enumera algumas vantagens da utilização das tecnologias para crianças com necessidades educativas especiais, entre elas, a possibilidade de ser utilizada como “prótese” comunicativa por crianças ou jovens com limitações graves ao nível da fala ou a possibilidade de superar entraves sentidos por aqueles que têm dificuldades motoras, pelo uso, por exemplo de simuladores de teclados ou monitores sensíveis ao toque.

O recurso às tecnologias permite, portanto, a flexibilização de estratégias e a individualização de práticas, respeitando o ritmo individual de cada aluno.

Antes da aplicação das tecnologias à actividade da criança, é imprescindível que os professores façam uma análise criteriosa das efectivas necessidades da mesma, para que possam criar situações de aprendizagem que a favorecem. A compreensão das possibilidades e dificuldades de cada caso leva-nos, como professores, a estabelecer as metas, as estratégias e os procedimentos pedagógicos.
Cada criança é única, daí que as suas características tenham que ser ponderadas para que se possa adaptar o procedimento pedagógico correcto. Com este trabalho de reflexão, a criança com necessidades educativas especiais poderá usufruir de um trabalho diferenciado e que lhe dê prazer pela aprendizagem."



Em suma, cada vez mais, as TIC fazem parte do sistema educativo actual, uma vez que a nossa sociedade se rendeu às novas tecnologias. Desta forma, as escolas têm o dever de promover e dispor tecnologias de apoio adequadas ao perfil de funcionalidade dos alunos com necessidades educativas especiais. Através das novas tecnologias, estes alunos poderão ter acesso às mesmas oportunidades educativas que os restantes colegas.



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