“Para
a maioria das pessoas, a tecnologia torna a vida mais fácil; para a pessoa
deficiente, a tecnologia torna as coisas possíveis”. Sanches (1991)
"Segundo o artigo 22.º do
Decreto-Lei n.º 3 /2008, de 7 de Janeiro, “entende-se por tecnologias de apoio
os dispositivos facilitadores que se destinam a melhorar a funcionalidade e a
reduzir a incapacidade do aluno, tendo como impacte permitir o desempenho de
actividades e a participação nos domínios da aprendizagem e da vida
profissional e social”(Decreto-Lei 3/2008 de 7 de Janeiro, 2008).1
Ainda de acordo com o Decreto-Lei
n.º 93/2009, de 16 de Abril, “as ajudas técnicas e tecnologias de apoio
apresentam-se como recursos de primeira linha no universo das múltiplas
respostas para o desenvolvimento dos programas de habilitação, reabilitação e
participação das pessoas com deficiência e inscrevem -se no quadro das
garantias da igualdade de oportunidades e da justiça social da acção
governativa do XVII Governo Constitucional e integração da pessoa com
deficiência aos níveis social e profissional de forma a dar-se execução ao
disposto na Lei de Bases da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação
das Pessoas com Deficiência”.
As tecnologias de apoio têm como
objectivo aumentar o grau de participação e actividade dos alunos, o que,
consequentemente, lhes facilitará o desempenho nas diferentes tarefas. Se por
princípio, as tecnologias de apoio têm por base a pessoa e a actividade,
devemos, portanto, definir sempre o objectivo para o uso de determinada tecnologia
de apoio, de modo a que a criança consiga desempenhar com sucesso a sua
actividade.
Quanto às escolas, estas têm o
comprometimento de promover e dispor tecnologias de apoio personalizadas às
necessidades individuais de cada criança e/ou jovem com necessidades educativas
especiais. Com o apoio das novas tecnologias, estes poderão ter acesso às
mesmas oportunidades educativas que os restantes colegas, desenvolvendo a sua
autonomia e a expressão das suas capacidades.
O contexto escolar deve aceitar e
satisfazer as necessidades distintas dos alunos, adequando-se aos diferentes
ritmos de aprendizagem, às experiências e à relação da criança com o ambiente,
através de adequações pedagógicas e materiais, metodologias e estratégias
diferenciadas e de uma boa organização escolar. Sabemos hoje que os alunos
aprendem melhor quando o professor tem em consideração as características
próprias de cada um, visto que cada indivíduo tem pontos fortes, interesses,
necessidades e estilos de aprendizagens diferentes.
“ (...) se as crianças das nossas
classes são diferentes umas das outras nas suas capacidades e nos seus
comportamentos, elas têm em comum o desejo de viver, de conhecer e de afirmar a
sua pessoa.” (Vayer e Roncin).
Todos os alunos aprendem melhor
quando os professores respeitam as individualidades de cada um e ensinam de
acordo com as suas diferenças. Esta afirmação ganha uma relevância maior quando
falamos em alunos com necessidades educativas especiais. Segundo Fonseca
(1984)10, a criatividade e a capacidade de inovação poderão ser qualidades
inerentes ao próprio indivíduo mas, se não forem estimuladas por uma formação
adequada, podem nunca ser reveladas em toda a sua plenitude.
Atendendo às problemáticas das
crianças com necessidades educativas especiais, compreendemos que urge a
adaptação do ambiente de trabalho das mesmas, de modo a que abandonem uma
postura de passividade e lhes seja possibilitado um ambiente de maior e melhor
interacção com os outros, com o meio, com os objectos de aprendizagem. Esta
adaptação está directamente ligada com mudança e modernização.
Todos os alunos aprendem melhor
quando os professores respeitam as individualidades de cada um e ensinam de
acordo com as suas diferenças. Esta afirmação ganha uma relevância maior quando
falamos em alunos com necessidades educativas especiais.
Se as tecnologias foram já
acolhidas pela sociedade como uma das forças determinantes do processo de
mudanças ao nível económico, levando-a até a caminhar para um novo tipo de
organização social, é natural que a escola utilize também recursos tecnológicos
que potenciem a aprendizagem de todos aqueles que a frequentam, principalmente,
crianças e jovens com necessidades educativas especiais, pelo que estes passam
a realizar actividades que antes lhes eram vedadas.
"(…) as TICs tornam-se
suportes, conteúdos e formas potencializadoras dos processos de inclusão dos
“diferentes”, nas formas de sociabilidade (…) além disso, as ajudas técnicas,
seja na dimensão assistida seja na adaptativa, seja na educativa,
são imprescindíveis para o uso das potencialidades dessas tecnologias por essas
pessoas, na plenitude de seres humanos.» Potenciam novas perspectivas na
participação das crianças com necessidades educativas especiais, facilitando o
acesso ao conhecimento, à aprendizagem, aos tempos livres, à cultura, ao contacto
com amigos ou grupos de interesse. As tecnologias actuam, portanto, quer ao
nível da criança, diminuindo as suas desvantagens e melhorando as suas
capacidades funcionais, quer ao nível do ambiente, diminuindo as
exigências do mesmo em relação às suas necessidades e franqueando-lhes as
portas à integração escolar e social." (Rodrigues e Teixeira, 2007).
Segundo Damasceno e Filho,
(2002), a partir do momento em que são dadas condições para que o aluno com
necessidades educativas especiais interaja no processo de aprendizagem, mais
facilmente esse será "(…) tratado como um "diferente-igual"
(...) Ou seja, "diferente" por sua condição de portador de
necessidades especiais, mas ao mesmo tempo "igual" por interagir,
relacionar-se e competir em seu meio com recursos mais poderosos,
proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe. É visto como
"igual", portanto, na medida em que suas "diferenças" cada
vez mais são situadas e se assemelham com as diferenças intrínsecas existentes
entre todos os seres humanos."
Deste modo, as novas TIC são
vectores co-estruturantes à superação da exclusão, pelo que potencializam a
adaptação e mudança, rumo a uma sociedade verdadeiramente inclusiva, não apenas
ao nível material, como também ideológico.
Alves et al (2008) aponta as
vantagens da tecnologia associada à educação especial, nomeadamente, a
possibilidade de potenciar a autonomia e facilitar a realização de tarefas,
contribuir para o desenvolvimento socio-cognitivo, constituir um recurso
alternativo de comunicação, ou ainda auxiliar na superação de obstáculos
físicos. Podem, ainda, facilitar a manipulação de objectos, contribuir para a
participação activa e mais bem sucedida em actividades de literacia, através de
software educativo adequado às necessidades de aprendizagem de cada um. Também
Mantoan (1997) enumera algumas vantagens da utilização das tecnologias para
crianças com necessidades educativas especiais, entre elas, a possibilidade de
ser utilizada como “prótese” comunicativa por crianças ou jovens com limitações
graves ao nível da fala ou a possibilidade de superar entraves sentidos por
aqueles que têm dificuldades motoras, pelo uso, por exemplo de simuladores de
teclados ou monitores sensíveis ao toque.
O recurso às tecnologias permite,
portanto, a flexibilização de estratégias e a individualização de práticas,
respeitando o ritmo individual de cada aluno.
Antes da aplicação das tecnologias à
actividade da criança, é imprescindível que os professores façam uma análise
criteriosa das efectivas necessidades da mesma, para que possam criar situações
de aprendizagem que a favorecem. A compreensão das possibilidades e
dificuldades de cada caso leva-nos, como professores, a estabelecer as metas,
as estratégias e os procedimentos pedagógicos.
Cada criança é única, daí que as
suas características tenham que ser ponderadas para que se possa adaptar o
procedimento pedagógico correcto. Com este trabalho de reflexão, a criança com
necessidades educativas especiais poderá usufruir de um trabalho diferenciado e
que lhe dê prazer pela aprendizagem."
Em suma, cada vez mais, as TIC
fazem parte do sistema educativo actual, uma vez que a nossa sociedade se
rendeu às novas tecnologias. Desta forma, as escolas têm o dever de promover e
dispor tecnologias de apoio adequadas ao perfil de funcionalidade dos alunos
com necessidades educativas especiais. Através das novas tecnologias, estes
alunos poderão ter acesso às mesmas oportunidades educativas que os restantes
colegas.
Sem comentários:
Enviar um comentário